sábado, outubro 02, 2010

Thank You Now, Drake!


“Cara, não dá pra escutar rap e hip-hop. Nesse ‘negócio’ é tudo a mesma coisa”. Inicio esta postagem com esta frase celebre de um amigo meu. É, nem tudo. Mas muito desse tudo é. Mas nem tudo, man. Vez ou outra surge alguém que mostre um diferencial a parte. Claro, nem sempre são eles quem aparece em capas de revista, no topo das paradas e no top do twitter. Mas, ignoremos estas minúcias. Valorizemos o talento. E, atribuído dele, no ano passado encontrei na internet uma música chamada “Best I Ever Had”. Me encantei por ela. Busquei de quem era. Do rapper canadense Drake. Outra surpresa foi quando o vi em listas de melhores discos do ano. Procurei-o mais. É. Indico muito.
Mesmo que contenha somente sete faixas, por ser um Ep, o debut de Drake, “So Far Gone”, é uma mistura de talento, bons vocais, batidas nem tanto usuais e inteligência para manobrar suas letras, diante um segmento tão criticado. Com a já citada “Best I Ever Had”, o refrão é bem gostoso de se ouvir. Em “Sucessfull”, sim, é meio repetitivo, mas ainda sim denota um talento pouco visto em rappers atuais, que sempre tendem a fazer mais do mesmo novamente. Apadrinhado por Lil Wayne, a voz do canadense por vezes assemelha-se a ele, como em “I’m Goin’ In”. Fechando com “The Calm” e “Fear”, o disco, torna-se uma bela indicação.
Logo depois, neste ano, chega “Thank Me Later”. Dude, esse disco é fabuloso. Uma mistura, por parte do Drake, de vocais agressivos (“Over”) e vocais melodiosos (“Find Your Love”) encanta este disco. Vocais que lembram um tom gospel também marcam este álbum, como em “Fancy”. Nela, apesar de vários convidados, como o T.I e o Swizz Beatz, apresenta-se um vocal arrastado, porém adocicado que é ouvido em toda a música, principalmente no refrão. Em relação aos convidados, sim, eles são bons, mas não essenciais. Como o padrinho de Drake, Lil Wayne, em “Miss Me”, não faz a menor diferença.
Mas em outras parcerias, como em “Fireworks”, dueto com Alicia Keys, a beleza deste disco se expressa com perfeição. Nela, Drake faz seu papel corretíssimo de anfitrião, cabendo a Keys encantar em um catártico refrão, que lembra canções antigas suas, como “If I Ain’t Got”. Emoldurada por Kayne West, a já citada “Find Your Love” não chega a ser uma parceria, mas nela pode-se estabelecer uma parâmetro que coloca o Drake bem na frente de outros cantores, que até tentam, mas não saem da mesmice, como o Young Money, Young Jeezy, Rick Ross e The-Dream. Todos talentosos, sem dúvida. Mas sem a veia inspiradora e diferencial do canadense.
Bem depois do Nickelback, e um pouco antes do Justin Bieber, o Drake prova que nem tudo que faz sucesso é necessariamente bom. Enchem estádios, sim. São conhecidos mundo afora, com músicas que marcaram (ou está marcando) gerações, sim. Mas, fazer um bom disco em um segmento tão marginalizado pelo senso comum, não é para poucos. Não mesmo.

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