sexta-feira, agosto 13, 2010

Only By The Night

Em minha vida musical, jamais esquecerei alguns momentos: como assistir “Hands Clean” da Alanis Morissette em um fim de tarde depois de um jogo de futebol; ver “Você” do Dead Fish em primeiro lugar dos clipes mais pedidos, por serem a melhor banda de hardcore no Brasil (na época); e ver uns marmanjos tocando um belo rock n roll caipira, sujos e largadões. Sim, eram os Kings Of Leon, e na época, divulgavam “Youth and Young Manhood”, com os clipes de “Molly’s Chambers” e “Wasted Time”, sendo a ultima a música que até hoje toca em meu fantástico mundo de Guto.
Como tudo muda, até a bermuda, os KOF transitaram de estilo durante os últimos anos. Há quem não enxergue tal mudança, mas ela se torna vigente conforme escutamos “A-Ha Shake Heartbreak”, o segundo disco, e “Because Of The Times”, o terceiro. Enquanto o segundo álbum carrega (até mais e melhor) a inspiração do rock de garagem sem qualquer resquício urbano, o terceiro aspira novos ares, e transita romantismo (“Fans”, “On Call”) e, às vezes, uma agitação forçada (“Charmer”).
Em 2008, eles lançam “Only By The Night”. Antes disso, verificando os charts musicais ao redor do mundo, vejo que em certa semana, “Sex On Fire” estréia diretamente no primeiro lugar da parada britânica. Escutando o disco você percebe o porquê. “Closer” começa meio intimista, mas o som de verdade se percebe em “Crawl”: uma levada rock n roll de orgulhar quem já fez belamente um dia, como o Led Zeppelin ou o The Who. A faixa nos mostra um alcance vocal invejoso, e ao mesmo tempo, com certo candor. Em seguida, vêm os singles: “Sex On Fire” e “Use Somebody”. O 1º adota uma linha mais indie, ou simplesmente bastante moderna, destoando do passado do KOF, e delineando, por que não, um novo começo. No 2º, observamos a influência de Bono, vocalmente e como líder, como quando Caleb entoa o refrão da faixa, desencadeando em uma explosão catártica. Em “Manhattan”, nos surpreendemos o quão o século XXI pode influenciar uma banda: riffs pegajosos, um sussurro aqui e ali, e uma letra que convida o ouvinte para esta festa moderna (Like Dance All Night and Dance All Day...I Swear).
Daqui em diante, o Kings segue menos inspirado. “Revelry”, uma balada bem relaxante, como se o compositor estivesse desabafando a sua vida, segue suave. “Notion”, a oitava faixa, é uma ótima música, que poderia ter sido colocada em outro lugar do disco, e não entre duas faixas secas e repetitivas: “17” e “I Want You” nos mostram que, quando se muda de estilo, tentar reavivá-lo se torna uma tarefa difícil. Logo, estas faixas se tornam meras tentativas de implicar em uma sonoridade despojada e suja. Em “Be Somebody”, percebemos um mixo das duas gerações da banda, presos em um vórtice louco.
Por fim, o disco encerra com “Cold Desert”, que acerta bem mais que “Revelry”, e nos remete a uma sonoridade blues meio anos 60, em meio ao seu clima calmo e nostálgico. Terminando o disco assim, talvez seja como se a banda estivesse dizendo que retomaria ao trabalho feito nos dois primeiros álbuns, onde a sonoridade era mais certeira e montante, sem firulas e meneios. Aí seria um recomeço ao começo. Nada mal.

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